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Quando chegaram ao forte de Cu Roi, observaram que este não estava em casa, mas Blathnat, sua esposa, tinha ordens de atender aos hóspedes com vinho e comida até que Cu Roi voltasse. Depois da ceia, Blathnat lhes disse que cada noite um deles deveria montar guarda, segundo as instruções de Cu Roi. Aquela noite era o turno de Loegaire, já que este era o maior dos três. Quando o sol se pôs, notaram que o forte girava como uma roda e era porque Cu Roi o havia enfeitiçado para que nenhum inimigo pudesse encontrar a entrada na escuridão.


Loegaire vigiou enquanto os outros dormiam. Quando começava a amanhecer, do extremo oeste do mar emergiu um gigante. Embora estive muito longe, para Loegaire lhe parecia tão alto quanto o céu. Quando estava mais perto, Loegaire pode observar que levava nas mãos enormes troncos de árvores, que lançou contra ele. Como não alcançaram seu objetivo, o enfurecido gigante levantou o herói como a um menino, o esmagou com sua mão que era como uma pedra de moinho e por fim o lançou sobre as muralhas de Cu Roi. Quando os outros encontraram o corpo gravemente ferido do herói, pensaram que havia tratado de saltar a muralha para desafiar-los.

Na noite seguinte correspondeu a Conall Cernach o turno de guarda, e o gigante fez com ele o mesmo que havia feito com Loegaire. À noite que correspondia a CuChulainn montar guarda estava maldita, pois se havia profetizado que um monstro que vivia no lago sobre o qual a cidadela havia sido construída devoraria a todos que nela habitavam. Antes de o sol sair, o barulho de uma grande tromba d'água despertou a CuChulainn, que havia dormido. Ao olhar por cima das muralhas viu o monstro, que se alçava imponente sobre o lago. Girou a cabeça e atacou a fortaleza, abrindo suas grandes faces, disposto a devorar, uma a uma, todas as casas. CuChulainn deu um salto no ar, agarrando a besta pela garganta e arrancou-lhe o coração.
Apenas havia dado tempo para CuChulainn descansar, quando o gigante apareceu no mar. Lançou seus troncos contra CuChulainn e este lhe arrojou a sua lança, mas ambos falharam. Então o gigante tratou de agarrar o herói com seu punho, mas CuChulainn era muito rápido e realizando seu salto do salmão, segurou o gigante com sua espada. "Te darei o que desejas se me perdoares a vida", disse o gigante. "Quero o prêmio de campeão e que Emer seja a primeira dama de Ulster", disse CuChulainn. "Concedido", exclamou o gigante e desapareceu entre a névoa do amanhecer.

No dia seguinte, Cu Roi regressou e, havendo ouvido as façanhas de CuChulainn, lhe concedeu o prêmio de campeão. Os três heróis regressaram então a Ulster. E uma vez mais Conall Cernach e Loegaire se negaram a reconhecer a vitória de CuChulainn; mas CuChulainn estava um pouco cansado da competição, assim que deixaram a disputa por alguns momentos.
Algum tempo depois, Conchobar e seus homens de Ulster foram a uma ceia em Emuin Machae. Ali apareceu um odioso ogro que, desde a porta, os desafiava a participar de um jogo de decapitamento. Nesta vez, os três grandes heróis estavam ausentes, assim que Muinremur aceitou o desafio. "Estas são as regras", disse o monstro: "tu me corta a cabeça esta noite e eu corto a tua amanhã."
"Me parece justo", riu Muinremur, que na realidade não tinha a menor intenção de cumprir sua parte do acordo com o estúpido ogro. Este pôs a cabeça sobre a talha e Muinremur a cortou com o machado. Para surpresa de todos, o ogro se levantou, pegou sua cabeça e saiu andando, dizendo que voltaria no dia seguinte.
E na noite seguinte ali estava o ogro, mas ninguém foi capaz de encontrar Muinremur. O ogro se queixou da desonra e outro guerreiro aceitou o mesmo desafio, mas quando chegou a vez do ogro, o guerreiro, como o anterior, desapareceu. O mesmo ocorreu três vezes seguidas e na quarta noite havia na corte uma multidão que queria presenciar aquele prodígio. Entre eles havia chegado CuChulainn, a quem o ogro desafiou a participar no jogo de decapitação. CuChulainn não só cortou-lhe a cabeça, senão que de um único golpe espalhou o cérebro do monstro por todo o solo. Desta vez também, o ogro se levantou, recolheu tudo e se foi. Voltou na noite seguinte, pois sabia que CuChulainn era um herói e manteria sua palavra. "Onde está o herói CuChulainn?", perguntou o ogro.
"Eu não vou me esconder de ti", respondeu CuChulainn.
"Pareces preocupado", disse o ogro, "mas pelo menos há mantido sua palavra." CuChulainn colocou seu pescoço sobre a talha e o ogro levantou seu machado; todos os presentes contiveram a respiração e voltaram seus olhares para outra direção. Ao deixar cair o machado, o ogro girou levemente a lâmina de forma que só o cabo da arma golpeou a CuChulainn no pescoço.
"Agora levante-se, CuChulainn", disse o ogro, "porque de todos os guerreiros de Ulster e, na realidade, de toda a Irlanda, é o maior em termos de valor e honra. É o campeão dos campeões e o prêmio de Bricriu é seu. Tua esposa Emer é a primeira dama de Ulster. E se alguém entre vocês querem disputar este feito, deve que tem os dias contados." Com estas palavras o ogro abandonou a sala, mas ao sair se transformou em Cu Roi, filho de Daire, e desta forma se assegurou de que o pleito dos três heróis ficara concluído definitivamente.