Os Árabes na Espanha
Iniciava-se o século VIII. A Europa, trêmula de medo e pasmo, assistia às conquistas de uma nova e notável potência: a dos árabes. Muita razão tinha a Europa por temê-los, pois que após terem conquistado os países vizinhos à sua terra natal (a Árabia) e submetido a Ásia até o Cáucaso, a Índia e a costa setentrional da África, os árabes lançavam-se à conquista do continente Europeu. E o primeiro país que ocuparam foi a Espanha, à qual chamaram Al-Andalus. Tendo à frente Tarik-ibn-Ziyad, um berbere (norte-africano) convertido ao islamismo, o exército invasor, composto de 7.300 homens, tocou pela primeira vez o solo europeu. O ano: 711. O local: um rochedo que até hoje leva o nome de Gibraltar (de Gebel-al-Tarik, ou Gibr-al-Tarik - o monte de Tarik). Esperavam os temidos recém-chegados alguns milhares de guerreiros reunidos às pressas por Rodrigo, rei dos visigodos germânicos que dominaram a Espanha após a queda do Império Romano. Três dias durou a sangrenta batalha, em Guadalate, às margens do rio Salado. A vitória coube aos invasores. Pouco depois, o governador árabe da África, Mouça-ibn-Nokair, sabedor do êxito de Tarik, desembarcou na Espanha, acompanhado de seu exército. E em menos de dois anos efetuou a conquista de quase toda a Península Ibérica. Em 713, na cidade de Toledo, proclamou o califa de Damasco, Omar II (717-720), soberrano de todos os territórios conquistados.
Cem anos depois
Passado um século da implantação da supremacia islâmica em Al-Andalus, o país se transformou num dos mais ricos e avançados da Europa. Essa posição invejável deveu-se, em parte, ao fato de os árabes terem sido vencidos pelos francos, comandados por Carlos Martel, na batalha de Tours, ou de Poitiers (732). Com a derrota, os árabes viram-se obrigados a abandonar seus projetos de conquista de todo ocontinente europeu, e passaram então a dedicar-se ao progresso da península, procurando melhorar o nível de vida do povo conquistado e governar com justiça. Foi o que fez Abd-al-Raaman I ao tornar-se emir (palavra árabe que significa governador de província). Durante seu governo (756-788) concedeu aos cristãos liberdade de culto, mediante o pagamento de uma taxa especial. Assim, a Espanha árabe tornou-se um dos países mais tolerantes do mundo no qual dominava o fanatismo religioso. Ao lado dos muçulmanos, cristãos e judeus conviviam em paz, participando da vida do seu país.