Al-Andalus se refez
Em 912, assumiu o governo Abd-al-Raaman III, que lutou para reconquistar o controle das províncias. Enquanto pelejava ao sul (914), o rei de Leão invadiu o território muçulmano, iniciando uma série de pilhagens. Seis anos depois, o emir derrotou impiedosamente os exércitos aliados de Leão e Navarra, colocando-os na impossibilidade de atacarem durante algum tempo. No breve período de trégua que se seguiu, Abd-al-Raaman III dedicou-se à administração e ao desevolvimento de seus domínios e adotou o título de califa (que designava propriamente o sucessor de maomé no governo da comunidade muçulmana). Mas os cristãos voltaram à ofensiva. E, em 939, Abd-al-Raaman III conheceu sua primeira derrota, infligida pelos mesmos exércitos aliados de Leão e Castela que ele havia vencido em 921. A partir de então, sua posição passou a ser apenas defensiva. Graças a isto, os cristãos consolidaram suas forças e prosseguiram em suas investidas ao longo das fronteiras. De modo geral, Al-Andalus não voltou mais a gozar da estabilidade e prosperidade dos tempos do primeiro emir. Morto Abd-al-Raaman III, sucedeu-lhe seu filho Al-Hakan II (971-976). Como contava apenas 12 anos de idade, sua mãe assumiu a regência, enquanto o poder era exercido, de fato, por um ex-escriba, Al-Mansur, protegido da rainha. Al-Mansur confinou o jovem herdeiro no palácio. Para consolidar sua posição obteve apoio de um grupo de fanáticos muçulmanos através da queima de todas as obras filosóficas que pudessem por suas teorias servir como ponto de partida para insatisfações políticas e religiosas. Seu nome passou a ser impresso nas moedas (privilégio real). O selo do emir foi substituído pelo seu em todos os documentos oficiais. Tornou-se ditador, embora não se proclamasse claramente chefe do governo. Repeliu os ataques de Leão, Santiago de Compostela, Barcelona e Saragoça. Faleceu em 1002, ao voltar de sua décima quinta expedição militar, dessa vez contra Castela. Após sua morte, Al-Andalus tornou-se palco de guerras entre berberes, árabes e cristãos. Em 1082, o bebere marroquino Yusuf-ibn-Tashfin uniu suas forças às do emir; derrotou o rei de Castela e, regressando ao Marrocos, levou como troféu de guerra 40 mil cabeças decepadas de cristãos. De volta à Espanha, tomou Granada, Sevilha e outras cidades. Conquistou para si toda a Espanha muçulmana, exceto Toledo (em nome de cristãos) e Saragoça (sob um chefe muçulmano). Yusuf e seu exército pertenciam a uma confraria chamada murabita ou almorávida; fanáticos religiosos, em seu governo e no de seu filho, Ali, cristão, judeus e até muçulmanos liberais foram cruelmente perseguidos.