Napoleão, para manter a tradição
Por volta do século XVI, a "coroa de ferro" continuava em uso. Tomando posse dela no ano 1530, o Imperador Carlos V, que era senhor da Espanha, da Áustria e de grande parte da Germânia, assumiu também o poder sobre a Itália. Três séculos mais tarde, a coroa se assentaria sobre outra cabeça poderosa: a de Napoleão Bonaparte. Ao cingir o símbolo do poder italiano, o corso, que se tornara imperador dos franceses, declarou: "Recebi-a de Deus; que ninguém ouse tocá-la" - o que revela o seu propósito de continuar a secular tradição de realeza por direito divino e de domínio permanente sobre a Itália, que fora estabelecida pelo Sacro Império. Mas a batalhe de Waterloo, em 1815, pôs fim aos projetos napoleônicos. E os austríacos, não tendo mais o poderio do império francês para impedi-los, dominaram quase toda a Itália setentrional. Em 1838, Ferdinando I da Áustria recebe a "coroa de ferro". Ste anos depois, abdica em favor de seu sobrinho, Francisco José.
Uma coroa em trânsito
Durante a luta italiana contra o domínio austríaco, o valor simbólico da coroa enriqueceu-se com a exaltação de ãnimo dos adversários, ganhando significado mais concreto e, por isso mesmo, mais importante para cada um dos lados. Os austríacos viam nela a própria imagem das suas possessões na Itália, enquanto que, para os italianos, elase identificou inteiramente com a própria noção de nacionalidade - pertencia-lhes por direito e não podia mais ser deixada em mãos estrangeiras, devendo reunir sob uma única autoridade a Itália dividida.
1848. Em face dos levantes nacionalistas que ocorriam na Itália, o marechal austríaco Radetsky manda a coroa de Monza para Milão e daí para a fortaleza de Mântua, na Lombardia. Mas os levantes fracassam e ela retorna a Monza.
1859. Deflagra-se a guera de independência. Com a ajuda da França, o reino do Piemonte explusa os austríacos da Lombradia, recuperando praticamente todas as possessões do papa. Mas os austríacos ainda controlam uma parte da Itália. E levam a "coroa de ferro" de Monza para Viena.
1866. Aliados aos prussianos, os italianos derrotam a Áustria, obrigando o Imperador Francisco José a ceder Veneza, além da "coroa de ferro'. Que retornou nessa época para Monza, de onde não mais saiu, a não ser para as cerimônias funerárias dos dois primeiros reis da Itália unificada: Vitório Emanuel II (1878) e Humberto I (1900).